Melodia: Henrique Vogeler
Letra: Cândido Costa / Freire Júnior / Luis Peixoto
Ano: 1929
Esta melodia de Henrique Vogeler recebeu três letras diferentes. A primeira, "Linda Flor" de Cândido Costa, para a peça "A Verdade do Meio-Dia", a segunda, "Meiga Flor" de Freire Junior e a definitiva "Iaiá" de Luis Peixoto para a peça "Miss Brasil". As três foram gravadas, a primeira por Vicente Celestino, a segunda por Francisco Alves e a terceira que fez mais sucesso, por Aracy Cortes.
Segundo os musicólogos Ary Vasconcelos e José Ramos Tinhorão foi a primeira música a ser considerada samba-canção. A certidão de nascimento do gênero samba-canção consta de uma nota publicada na revista Phonoarte de 30/03/1929:
"Yayá (Linda Flor) , o samba-canção que todos conhecem e que, no último carnaval, foi um dos seus mais ruidosos sucessos, acha-se impresso pela Casa Vieira Machado."
Linda Flor
Qual foi o primeiro samba-canção da música brasileira? O samba canção, ritmo musical que substituiu a modinha como modelo de música romântica nacional, atingiu seu auge nas décadas de 40 e 50, e serviu de antítese para o surgimento da bossa-nova, no final da década de 50.
Embora atualmente não seja o ritmo romântico mais frequente, ele continua no imaginário nacional. E foram buscar em José Ramos Tinhaorão, na sua pequena história da Música Popular Brasileira, a história da primeira, e bela, música a ser gravada e registrada como samba-canção. E a música teve 3 letras distintas. Trata-se de "Linda Flor", também conhecida como "Ai, Ioiô". Segue a história:
Em agosto de 1928, quando o empresário Pascoal Segreto organizou no Rio de Janeiro a Companhia de Teatro Cômico, para atuar no Teatro Carlos Gomes, da Praça Tiradentes, então centro do teatro musicado carioca, a peça escolhida para a estréia foi a comédia do argentino J. G. Traversa, intitulada "A Verdade Ao Meio-Dia", adaptada por Celestino Silva.
Como a peça abria com uma das personagens cantando uma canção, o maestro Henrique Vogeler foi escolhido para compor o número musical de abertura, cuja interpretação ficaria a cargo da atriz Dulce de Almeida, enquanto a atriz Gui Martinelli fingia acompanha-la ao piano. Henrique Vogeler, que havia dez anos produzia músicas regularmente para o Teatro de Revista - ele estreou em 1919 com a opereta "Sinhá", no próprio Teatro Carlos Gomes -, compôs então a melodia do primeiro samba-canção, e para a qual o autor de peças teatrais Cândido Costa escreveria os versos intitulados "Linda Flor":
Autor: Henrique Vogeler - Cândido Costa
Título: Linda Flor
Gênero: Samba Canção
Intérprete:Vicente Celestino
Gravadora: Odeon
Número: 10338-A
Matriz: 2255
Data Lançamento: Mar/1929
Embora atualmente não seja o ritmo romântico mais frequente, ele continua no imaginário nacional. E foram buscar em José Ramos Tinhaorão, na sua pequena história da Música Popular Brasileira, a história da primeira, e bela, música a ser gravada e registrada como samba-canção. E a música teve 3 letras distintas. Trata-se de "Linda Flor", também conhecida como "Ai, Ioiô". Segue a história:
Em agosto de 1928, quando o empresário Pascoal Segreto organizou no Rio de Janeiro a Companhia de Teatro Cômico, para atuar no Teatro Carlos Gomes, da Praça Tiradentes, então centro do teatro musicado carioca, a peça escolhida para a estréia foi a comédia do argentino J. G. Traversa, intitulada "A Verdade Ao Meio-Dia", adaptada por Celestino Silva.
Como a peça abria com uma das personagens cantando uma canção, o maestro Henrique Vogeler foi escolhido para compor o número musical de abertura, cuja interpretação ficaria a cargo da atriz Dulce de Almeida, enquanto a atriz Gui Martinelli fingia acompanha-la ao piano. Henrique Vogeler, que havia dez anos produzia músicas regularmente para o Teatro de Revista - ele estreou em 1919 com a opereta "Sinhá", no próprio Teatro Carlos Gomes -, compôs então a melodia do primeiro samba-canção, e para a qual o autor de peças teatrais Cândido Costa escreveria os versos intitulados "Linda Flor":
Autor: Henrique Vogeler - Cândido Costa
Título: Linda Flor
Gênero: Samba Canção
Intérprete:Vicente Celestino
Gravadora: Odeon
Número: 10338-A
Matriz: 2255
Data Lançamento: Mar/1929
Linda flor,Tu não sabes, talvez,Quanto é puro o amor,Que me inspira, não crês...
NemSobre mim teu olharVeio um dia pousar!...E ainda aumenta a minha dorCom cruel desdém!
Teu amorTu por fim me darás,E o grande fervorCom que te amo verás...
SimTeu escravo serei,E a teus pés caireiAo te ver, minha enfim.Felizes então, minha florVeras a extensão deste amorDitosos os dois, e unidos enfimTeremos depois só venturas sem fim!
Como era natural, relembraria por ocasião da morte de Henrique Vogeler, em 1944, um cronista de teatro carioca que se assinava L. R.
"O número cantado no início de uma comédia, por uma jeune fille, encostada ao piano, em trajo de soirée, não despertou a menor atenção. Passou em branca nuvem. Vogeler, porém, tinha verdadeira paixão pelo seu número, e com razão."
A paixão de Henrique Vogeler se explicava, naturalmente, pela consciência de ter criado alguma coisa de novo para época em termos de canção. E a prova estaria em que, apesar de "Linda Flor" ter passado despercebido no teatro, Henrique Vogeler ia fazer com que o cantor Vicente Celestino a gravasse imediatamente em disco na gravadora Odeon, de selo azul, quando apareceu pela primeira vez numa etiqueta a expressão samba-canção brasileiro.
Vicente Celestino, então no apogeu dos seus dotes vocais de tendências operísticas, como bem lembraria o jornalista José Lino Grünvald, prejudicava porém nesse disco o lançamento definitivo do samba-canção, porque sua empostação de voz ainda uma vez não permitia reconhecer a dose certa de balanço rítmico de samba, que Henrique Volgeler tentava introduzir como um elemento perturbador da melodia clássica da canção.
Essa desvantagem da interpretação de Vicente Celestino foi de certa maneira afastada pela segunda gravação da música de Henrique Vogeler, a que foi feita ainda em fins de 1932 por Francisco Alves, sob o nome de Chico Viola, em disco Parlophon número 12.909, com o título mudado para "Meiga Flor", e uma segunda letra, agora do revistógrafo Freire Júnior:
Autor: Henrique Vogeler - Freire Júnior
Título: Meiga Flor
Gênero: Samba Canção
Intérprete: Francisco Alves
Gravadora: Parlophon
Número: 12.909-A
Matriz: 2215
Data Lançamento: Jan/1929
Vicente Celestino, então no apogeu dos seus dotes vocais de tendências operísticas, como bem lembraria o jornalista José Lino Grünvald, prejudicava porém nesse disco o lançamento definitivo do samba-canção, porque sua empostação de voz ainda uma vez não permitia reconhecer a dose certa de balanço rítmico de samba, que Henrique Volgeler tentava introduzir como um elemento perturbador da melodia clássica da canção.
Meiga Flor
Essa desvantagem da interpretação de Vicente Celestino foi de certa maneira afastada pela segunda gravação da música de Henrique Vogeler, a que foi feita ainda em fins de 1932 por Francisco Alves, sob o nome de Chico Viola, em disco Parlophon número 12.909, com o título mudado para "Meiga Flor", e uma segunda letra, agora do revistógrafo Freire Júnior:
Autor: Henrique Vogeler - Freire Júnior
Título: Meiga Flor
Gênero: Samba Canção
Intérprete: Francisco Alves
Gravadora: Parlophon
Número: 12.909-A
Matriz: 2215
Data Lançamento: Jan/1929
Meiga flor,
Não te lembras, talvez,
Das promessas de amor,
Que te fiz,
Já não crês...
Se
Queres me abandonar
Procurando negar
Que juraste a mim também
Minha ser, meu bem...
Meu amor
Por que negas, ó flor,
Sempre fui tão sincero,
Eu te quis, eu te quero...
Sei que sem ti morrerei.
És o meu ideal
Minha vida, afinal.
Se amas alguém, meiga flor,
Demais te convém outro amor
Eu quero partir para não mais te ver
Eu quero fugir e bem longe morrer. (bis)
Estava escrito, porém, que o lançamento definitivo do samba-canção não se daria nem com a letra original de Cândido Costa, nem com essa segunda de Freire Júnior, mas apenas em sua terceira versão: a do também revistógrafo Luís Peixoto.
Em dezembro de 1928, precisando de um número para sua revista Miss Brasil, escrita em parceria com Marques Porto, o revistógrafo Luís Peixoto recorreu a Henrique Vogeler, que não teve dúvida: sentou-se ao piano e executou com o ritmo exato a música até então mal compreendida.
Sempre de improviso, como costumava fazer, Luís Peixoto escreveu então num papel, sobre a tampa do piano, a nova letra que, primeiro gravada com o título de "Iaiá" (Parlophon Número 12 926-A) e mais tarde com o título "Ai, Ioiô", ia tornar famosos não apenas os autores desse primeiro samba-canção, mas a própria intérprete da nova versão, a atriz Aracy Cortes:
Em dezembro de 1928, precisando de um número para sua revista Miss Brasil, escrita em parceria com Marques Porto, o revistógrafo Luís Peixoto recorreu a Henrique Vogeler, que não teve dúvida: sentou-se ao piano e executou com o ritmo exato a música até então mal compreendida.
Iaiá (Ai, Ioiô)
Sempre de improviso, como costumava fazer, Luís Peixoto escreveu então num papel, sobre a tampa do piano, a nova letra que, primeiro gravada com o título de "Iaiá" (Parlophon Número 12 926-A) e mais tarde com o título "Ai, Ioiô", ia tornar famosos não apenas os autores desse primeiro samba-canção, mas a própria intérprete da nova versão, a atriz Aracy Cortes:
Autor: Henrique Vogeler - Luiz Peixoto
Título: Iaiá
Gênero: Canção
Intérprete: Aracy Cortes
Gravadora: Parlophon
Número: 12.926-A
Matriz: 2366
Data Lançamento: Mar/1929
Título: Iaiá
Gênero: Canção
Intérprete: Aracy Cortes
Gravadora: Parlophon
Número: 12.926-A
Matriz: 2366
Data Lançamento: Mar/1929
Ai, Ioiô!Eu nasci pra sofrêFui oiá pra você,Meus oinho fechou!E quando os óio eu abri,Quis gritá, quis fugi,Mas você,Eu não sei por quê,Você me chamô!Ai, Ioiô,Tenha pena de mimMeu Sinhô do BonfimPode inté se zangáSe ele um dia soubéQue você é que é,O Ioiô de Iaiá!Chorei toda noiteE penseiNos beijos de amôQue te dei,Ioiô, meu benzinho,Do meu coraçãoMe leva pra casaMe deixa mais não. (bis)
Cantado em número da revista Miss Brasil, em que Aracy Cortes, então no auge da carreira e do esplendor físico, acentuava com muito dengo as derramadas insinuações amorosa da letra (a linguagem sertaneja, com seus "oinho" e seus "me deixa mais não", projetava para o público das cidades a cena romântica sobre um fundo ideal de bucolismo interiorano), o samba-canção conquistou afinal o público da pequena classe média carioca.
E o mais impressionante é que, depois de firmar-se como canção no teatro, durante dezembro de 1928 e janeiro do ano seguinte, o samba "Iaiá" teria o ritmo acelerado espontaneamente pelo povo, acabando por transformar-se numa das músicas mais cantadas do carnaval de 1929.
Esse sucesso do primeiro samba-canção seria registrado no número de março da revista Phono-Arte, de Cruz Cordeiro, que ao fazer a resenha do lançamento da gravação na versão de Luís Peixoto, com Aracy Cortes, escreveu:
E o mais impressionante é que, depois de firmar-se como canção no teatro, durante dezembro de 1928 e janeiro do ano seguinte, o samba "Iaiá" teria o ritmo acelerado espontaneamente pelo povo, acabando por transformar-se numa das músicas mais cantadas do carnaval de 1929.
Esse sucesso do primeiro samba-canção seria registrado no número de março da revista Phono-Arte, de Cruz Cordeiro, que ao fazer a resenha do lançamento da gravação na versão de Luís Peixoto, com Aracy Cortes, escreveu:
"Finalmente, a primeira edição do famoso 'Iaiá'. E a Parlophon no-la oferece interpretada por Aracy Cortes, a conhecida artista brasileira, que foi principal fator para a extrema popularidade desta canção, um dos maiores sucessos musicais deste último carnaval."
Para conhecer mais sobre a vida e obra de Vicente Celestino, Francisco Alves e Aracy Cortes, visite o blog Famosos Que Partiram.
Fonte: Música em Prosa