Maringá
Joubert de Carvalho
1932
Engana-se quem acha que a canção "Maringá" foi composta em homenagem a cidade Maringá no Paraná. Basta ouvir a letra da música que logo se vê que a cidade referenciada é Pombal na Paraíba e não Maringá no Paraná.
A canção "Maringá" foi composta por Joubert de Carvalho a pedido do então Senador Ruy Carneiro que em Pombal, PB encontrou-se com Maria do Ingá, linda cabocla que vinha em retirada fugindo da seca. A mesma seca que a separou do Senador.
Sabendo da história Joubert de Carvalho compôs a música para o amigo Ruy Carneiro e tronou-se um hino da cidade de Pombal. Ela nada tem a ver com a bela Maringá no Paraná.
Quando "Maringá" foi composta, os paraibanos logo passaram a entoá-la ante o seu sucesso. Mais tarde, fugindo também da seca, paraibanos migraram para o Paraná para trabalhar numa fazenda e durante a lida cantavam a canção "Maringá". Depois essa fazenda tronou-se vila e cidade, hoje Maringá, PR. Nome dado a cidade em razão da canção que tanto era cantada naquela fazenda.
A História da Música Maringá
Texto gentilmente cedido por Teófilo Júnior
Cidade de Pombal, Paraíba, década de 20. Uma família de retirantes arruma seus poucos pertences em um pau de arara e um jovem casal se despede. Ela, bonita, deixaria a cidade junto com a miserável família para tentar uma vida melhor em São Paulo. Era a família de Maria, da cabocla Maria do Ingá.
Ele, um jovem mais triste ainda. Sem dinheiro não tinha condições de embarcar no caminhão. Todas as economias daquela família eram mínimas para a longa viagem, não haveria mais espaço para um corpo franzino e muito menos para mais uma boca.
O pau de arara parte deixando no ar o último toque de mãos entre Maria e o namorado. Ele corre atrás do caminhão, armazenando todo o fôlego possível, até desistir em meio a poeira.
Não há registros sobre o nome do caboclo que ficou. João Ninguém? Talvez.
Num bar próximo, um grupo de amigos assistia a cena. Comovidos, chegaram a recolher moedas perdidas nos bolsos, mas poucos réis não seria suficientes para cobrir os gastos da viagem ou para conformar o coração daqueles jovens separados pela miséria.
Eles conheciam Maria. Ela morava numa região conhecida como Ingá, nas margens do Rio Piranhas. Daí o seu nome: Maria do Ingá!
Moça prendada, desde os 12 anos já preparava pratos típicos. Com um sorriso encantador, era a alegria da centenária cidade paraibana até o dia do adeus parado no tempo.
A homenagem, porém, ficaria para o amigo Ruy Carneiro, ilustre filho da cidade de Pombal, também na Paraíba. Foi ele mesmo que teria contado para Joubert de Carvalho, durante conversa em um bar no centro do Rio de Janeiro, a triste história de uma cabocla chamada Maria do Ingá.
Joubert de Carvalho ficou emocionado com o relato sobre a família de retirantes e do desespero do namorado de Maria, deixado em Pombal.
Mas seria tudo aquilo verdade ou lenda? Ruy Carneiro, então, revelou: Era ele um dos rapazes que estava no bar, uma das testemunhas do adeus.
Provavelmente, foi o próprio amigo de Joubert de Carvalho quem batizou a triste moça de Maria do Ingá, também inspirado na lenda de uma cabocla conhecida com este nome, vítima da terrível seca de 1877.
Convencido, Joubert de Carvalho partiu para o escritório a fim de terminar a composição. Varou a madrugada compondo a toada. O refrão estava pronto:
Não, não estava bom!
"Maria do Ingá, Maria do IngáDepois que tu partistetudo aqui ficou tão tristeque eu fiquei a imaginar"
Não, não estava bom!
"Maringá, MaringáDepois que tu partistetudo aqui ficou tão tristeque eu fiquei a imaginar"
Foi o último retoque, a obra-prima estava pronta!
Maringá
Foi numa leva
que a cabocla Maringá
Ficou sendo a retirante
que mais dava o que falar
E junto dela
veio alguém que suplicou
Pra que nunca se esquecesse
de um caboclo que ficou
Maringá, Maringá
Depois que tu partiste
tudo aqui ficou tão triste
que eu garrei a imaginar
Maringá, Maringá
Para haver felicidade
é preciso que a saudade
vá batê noutro lugar
Maringá, Maringá
volta aqui pro meu sertão
Pra de novo o coração
de um caboclo assossegar
Antigamente
uma alegria sem igual
dominava aquela gente
da cidade de Pombal
Mas veio a seca
e toda chuva foi-se embora
Só restando então as águas
dos meus olhos quando chora
Maringá, Maringá
Depois que tu partiste
tudo aqui ficou tão triste,
que eu garrei a imaginar
Maringá, Maringá
Para haver felicidade
é preciso que a saudade
vá bater noutro lugar
Maringá, Maringá
volta aqui pro meu sertão
Pra de novo o coração
de um caboclo assossegar
Fonte: Trem Artesanal