Ednardo e Climério Ferreira
1979
A música "Enquanto Engomo a Calça", do cantor e compositor cearense Ednardo, em parceria com o piauiense Climério, é mais uma dessas obras que foram inspiradas em fatos banais do cotidiano dos seus autores. Sempre me perguntei de onde o cearense tirara a ideia para contar sua "história bem curtinha, fácil de cantar" e o pior, enquanto engomava as calças - engomar, no nordeste, é passar a roupa a ferro.
O próprio artista, em uma entrevista ao jornalista Francisco Pinheiro, no programa "Sarau", em homenagem aos seus quarenta anos de carreira explicou. O autor de "Pavão Misterioso" contou que na década de 70, em companhia dos seus amigos, os compositores Dominguinhos e Climério, lançaram-se a um desafio: Qual dos três faria mais músicas em um espaço de um mês.
Não sabemos quem foi o vencedor da aposta. Ednardo, talvez por elegância ou por esquecimento, afirmou que o resultado foi um improvável empate, mas lembra de que, encerrado o desafio, resolveu convidar os dois amigos para tomar uma cervejinha na praia. Antes de sair, sua companheira percebeu que a calça do cantor estava muito amassada e comentou:
"Ednardo, tua calça está muito amassada, me deixe engomá-la!"
O cearense declarou que aproveitou o verso e convidou Climério para compor uma música comentando:
"Climério, não repare não, mas enquanto ela engoma a calça vamos fazer mais uma música?"
Foi instantâneo, correram para o violão e compuseram, em poucos minutos, um dos seus grandes sucessos. Depois foram para seu programa praiano, sem calça amarrotada e com mais uma composição no seu brilhante acervo.
Enquanto Engomo a Calça
Arrepare não,
mais enquanto engomo a calça eu vou lhe contar,
uma história bem curtinha fácil de cantar.
Porque cantar parece com não morrer,
é igual a não se esquecer,
que a vida é que tem razão. (2x)
Esse voar maneiro foi ninguém que me ensinou,
não foi passarinho,
foi o olhar do meu amor.
Me arrepiou todinho
e me eletrizou assim quando olhou meu coração. (2x)
Porque cantar parece com não morrer,
é igual a não se esquecer,
que a vida é que tem razão. (2x)
Arrepare não,
mais enquanto engomo a calça eu vou lhe cantar,
uma história bem curtinha fácil de contar.
Porque cantar parece com não morrer,
é igual a não se esquecer,
que a vida é que tem razão. (2x)
Esse voar maneiro foi ninguém que me ensinou,
não foi passarinho,
foi o olhar do meu amor.
Me arrepiou todinho
e me eletrizou assim quando olhou meu coração. (2x)
Porque cantar parece com não morrer,
é igual a não se esquecer,
que a vida é que tem razão. (2x)
Ai, mas como é triste
essa nossa vida de artista.
Depois de perder Vilma pra São Paulo,
perder Maria Helena pro dentista.
Porque cantar parece com não morrer,
é igual a não se esquecer,
que a vida é que tem razão. (2x)
Fonte: Dr. Zem